Publicado em: 04/11/2022
Aproximar geradores de energia dos consumidores, possibilitando a comercialização de excedentes da produção e reduzindo custos para pequenas e médias empresas, é o principal objetivo da Paraná Energia – Cooperativa de Energias Renováveis do Paraná. Apresentando grande crescimento nos últimos meses, a iniciativa foi apresentada durante reunião do Conselho Temático de Energia da Fiep, no dia 20 de outubro. A reunião teve, ainda, uma apresentação da Sengi Solar, que inaugurou no último dia 21, em Cascavel, a maior e a mais moderna fábrica de módulos fotovoltaicos do Brasil.
O presidente da Paraná Energia, Edson Vasconcelos, explicou que a ideia da cooperativa começou a ser discutida no âmbito do Oeste em Desenvolvimento, programa que reúne diversas entidades para o planejamento de ações que contribuam para o desenvolvimento dessa região do Estado. O projeto ganhou força a partir de 2015, quando mudanças na legislação do país sobre a geração distribuída passaram a permitir que o excedente da energia produzida fosse disponibilizado na rede de distribuição.
No Paraná, boa parte dessa geração distribuída é feita em propriedades rurais, a partir de biodigestores que processam resíduos animais, transformando-os em energia – ajudando, ainda, a solucionar um passivo ambiental. “Logo depois da inserção dos biodigestores, tivemos excesso de energia produzida pelas propriedades. Com a mudança da legislação em 2015 e a possibilidade de geração distribuída com compensação remota, abriu-se o caminho para se configurar a cooperativa de energia”, disse Vasconcelos, que é também vice-presidente da Fiep.
O que a Paraná Energia faz é a gestão dessa energia excedente dos geradores cooperados, oferecendo-a a consumidores principalmente empresariais que, em geral, não têm condições de investir em geração própria, mas buscam soluções para reduzir custos com energia. “Nosso objetivo é, pela força do cooperativismo, ampliar o acesso às fontes de energias renováveis, gerando resultados no caixa dos produtores e ampliando a competitividade de pequenas empresas, que têm na energia um de seus principais custos”, explicou o presidente da cooperativa.
Hoje, a Paraná Energia faz a gestão de 56 usinas geradoras, espalhadas por todo o estado. Além de biodigestores, a energia é gerada também por usinas fotovoltaicas e hidrelétricas. Pelo lado dos cooperados consumidores, são cerca de 500 atualmente, com o objetivo de se chegar a 2 mil nos próximos meses.
Para isso, a cooperativa buscou parcerias com sindicatos industriais e com a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap). “Trabalhamos em sinergia e nossas grandes vendedoras hoje são as Associações Comerciais, levando valor ao seu associado, que vai ter economia em uma despesa direta”, afirmou Vasconcelos.
O coordenador do Conselho Temático de Energia, Rui Londero Benetti, destacou a importância da cooperativa. “Quando a abertura da legislação de geração distribuída começou lá atrás, era justamente para chegar a esse tipo de iniciativa, trazendo os geradores para bem próximo de quem consome. Principalmente chegando nos pequenos e nos médios empreendedores, que participam disso de forma simples e fácil, com um entendimento muito bom da questão de resultados e economicidade”, declarou.
Sengi Solar
Na reunião do Conselho, foi feita, ainda, uma apresentação sobre a Sengi Solar. No dia 21 de outubro, a empresa inaugurou em Cascavel a maior e a mais moderna fábrica de módulos fotovoltaicos do Brasil. Daniel da Rocha, presidente do grupo Tangipar, holding paranaense que controla a Sengi Solar, explicou que a empresa já atuava com venda e instalação de módulos fotovoltaicos importados. Há um ano, mesmo com os entraves para se produzir esse tipo de item no Brasil, foi iniciado o projeto que culminou na construção da fábrica. “Hoje, somos um dos maiores importadores de módulos do Brasil, ano passado chegamos a 800 MW de importação. O desafio é que para importar a gente não paga imposto, mas para produzir a gente paga”, disse.
Foram investidos R$ 220 milhões para instalação da planta, que conta com processos automatizados e tem capacidade para produzir até 1 milhão de módulos por ano, capazes de gerar até 500 MW de energia anualmente. “Você consegue montar uma fábrica com R$ 30 milhões a R$ 40 milhões, mas em termos de linha de produção a gente não perde nada para nenhuma fábrica mundial”, afirmou Rocha.
A Sengi Solar utiliza insumos oriundos de parceiros de diferentes partes do mundo, mas investe em engenharia nacional e em pesquisa, desenvolvimento e inovação para criar produtos de alta eficiência e durabilidade que atendam o mercado brasileiro. No início de 2023, entre março e abril, deve inaugurar sua segunda fábrica de módulos fotovoltaicos, que está sendo instalada em Pernambuco. Além disso, já está planejada também uma terceira unidade produtiva, em Santa Catarina, que será construída junto ao atual centro de distribuição da empresa.
Para o coordenador do Conselho, os investimentos da Sengi fortalecem ainda mais a cadeia energética do Paraná. “Esse segmento da energia é estratégico, principalmente para o Brasil, que tem a energia renovável como sua matriz principal. É um orgulho para nós paranaenses termos essa fábrica aqui. Pela Fiep, nos colocamos à disposição para apoiar no que precisarem”, disse Benetti.