Publicado em: 14/10/2022
Cascavel – Em busca de solução para um
problema crônico no campo e que atingia um grande número de suinocultores, os
dejetos suínos, um grupo de empresários iniciou, ainda em 2015, um projeto para
transformar esses dejetos em energia. Depois de anos de trabalho, reuniões e
estudos, a proposta que estavam dentro de uma câmara técnica do POD (Programa
Oeste em Desenvolvimento) ganhou corpo, adeptos e, hoje, forma a Cooperativa
Paraná Energia.
A geração de energia limpa é o principal foco da Paraná
Energia, uma cooperativa que trabalha para gerar valor a quem investe em usinas
de energia elétrica de qualquer fonte renovável e para quem tem a necessidade
de economizar na conta de energia. É uma verdadeira “moeda de troca” entre quem
produz e quem necessita, de forma direta, ou seja, de um lado alguém que
precisava gerar e de outro aquele que precisa comprar, em um acordo de
cooperação.
A Paraná Energia segue as regulações do setor elétrico e da
legislação do cooperativismo para atuar na aquisição, construção e gestão de
sistemas de geração de energia, na modalidade de geração distribuída, e para
alugar o potencial instalado de unidades geradoras de energia. Essa energia é
repassada aos cooperados com custo mais acessível do que a concessionária e por
isso, está em constante expansão.
Como surgiu
A reportagem do Jornal O Paraná
conversou com o empresário Edson Vasconcelos, presidente do conselho de
administração da Paraná Energia que contou como a cooperativa surgiu. A
discussão sobre a “energia renovável” surgiu na Câmara de Energia do POD, em
uma época em que o tema acerca do que poderia ser feito com os dejetos de
suínos era uma grande preocupação, pois era um passível ambiental, motivo de
ação do Ministério Público que notificou os suinocultores para resolver o
problema.
Com
isso, surgiu o projeto dos biodigestores para produção de biogás, o biometano,
“combustível” que gera energia. O projeto deu certo e caiu no gosto de muitos
produtores. Contudo, pela lei, quem produzia só poderia ter um retorno de 10%
do eficiente energético, sobrando um grande residual. “Em seguida teve uma
mudança na estrutura regulatória, liberando uma produção remota, ou seja, a
compensação estava aberta a ocorrer em outros locais”, contou Vasconcelos.
A
partir de então, uma nova fase dos trabalhos começou, com novos estudos, novos
parceiros e, em junho de 2019, foi fundada a Cooperoeste. “Foi um trabalho
árduo para começar a operar, mas que deu certo”, disse Vasconcelos. Com a
chegada da pandemia também vieram as dificuldades, e uma nova mudança
relacionada a cobrança de geradores de energia, o que alavancou ainda mais a
cooperativa que, em dezembro do ano passado, passou a ser denominada Paraná
Energia. A partir de então, foi feita uma mudança no conselho consultivo e na
estrutura, com mais parceiros passando a fazer parte da cooperativa, que também
passou a agregar todas as regiões do Estado.
“Tomamos
essa decisão porque o custo administrativo ficava mais leve ampliando para o
estado todo, ou seja, a cooperativa da Região Oeste é agora de todo o Paraná”,
reforçou o presidente.
Expansão
constante
Edson Vasconcelos salientou que a
cooperativa está em constante expansão e trabalha em parceria com as
associações comerciais. A sede da Paraná Energia funciona dentro da sede da
Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel), fazendo a conexão dos
produtores e dos consumidores. “Criamos o entendimento de que a cooperativa não
pode ter uma usina própria, já que não é com esse objetivo que foi criada e,
por isso, seguiremos com a cooperação entre quem gera e quem necessita dessa
energia”, explicou.
Os
trabalhos são regulados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o
grande ganho é que, dessa forma, amplia os negócios do campo. Por outro lado,
também é importante para o empresário, já que em muitos negócios o custo da
energia é uma das principais despesas. Entre os cooperados da Paraná Energia,
as principais fontes de energia são a fotovoltaica, biodigestor e hídrica.
Somente
neste ano a cooperativa tem uma projeção de 700% de crescimento. A Paraná
Energia já conta com 300 cooperados e 2023 a meta é chegar a pelo menos 2 mil.
Para se ter uma ideia, apenas com biodigestores são 13 associados, cerca de 10%
de todo o estado, além dos outros formatos de geração de energia. “Com certeza
a Região Oeste é exemplo de desenvolvimento com esse novo modelo implantado”,
ratificou Vasconcelos.
Mercado nacional
O
mercado global de produtos de energia renovável está em constante crescimento.
No Brasil, segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada),
somente em 2019, a matriz energética do Brasil teve participação de 45% de
fontes renováveis. A energia renovável é a fonte de energia que estão
prontamente disponíveis e pode ser reabastecida rapidamente, com grande
expansão no mercado global e uma grande variedade de fontes de energia.
Os tipos mais comuns de energia
renovável são a energia hidráulica, eólica, solar e biomassa, ou seja, é obtida
a partir de recursos naturais (naturalmente regeneradas) que são constantemente
reabastecidos, ao contrário das fontes de energia não renováveis que são extraídas
de recursos finitos. Por exemplo, os ventos que podem ser usados para acionar
turbinas, também podem ser usados para movimentar os geradores. Quanto mais
imediato um recurso, mais útil ele é como uma fonte de energia renovável.
(Redação – Katúscia da Silva)